Felipe colocou a caixa de pizza em cima da mesa, o cheiro da massa assada se espalhou pelo apartamento, logo a esposa e os filhos pequenos vieram felizes. "Ganhamos uma pizza", disse logo para todos, "não faço ideia de quem mandou, alguém se enganou mas a pizza estava paga no meu nome lá embaixo, falei para o seu Zé que ele estava enganado". Naquele prédio chique do Jardim Aquarius podia acontecer de alguém pedir uma pizza e dar o número errado do apartamento. E porque o motoqueiro acabara de entregar, e estava quentinha, estava paga, era noite de sábado. Ele não poderia desperdiçar. E era pizza de quatro queijos, sua preferida. Agora, caixa estava em cima da mesa da sala de jantar, as crianças pulavam em volta loucas para comer, a esposa pegou os pratos, Felipe levantou a tampa da caixa de papelão, ao abri-la, centenas de vermes brancos e amarelos começaram a sair da caixa e andar pela mesa!
Ele se assustou e deu um pulo para trás, os bichos tomaram rapidamente a mesa, as crianças gritaram assustadas e pularam em cima do sofá gritando, a mulher gritou de susto e correu buscar um tubo de inseticida que despejou nos bichos que foram morrendo em contorções horripilantes. Em pouco tempo, todos estavam os insetos mortos.
Terrivelmente decepcionado, Felipe pegou a pá e uma vassoura, juntou os bichos e os despejou no lixo. Pegou a caixa para identificar a pizzaria e não tinha nada. Apenas o papelão sem endereço e sem telefone. Voltou à portaria para conversar com o Zé. Contou-lhe tudo, precisava saber de qual pizzaria saíra aquela pizza, ou pelo menos tentar identificar o engraçadinho que fizera aquela brincadeira de mau gosto. Impossível, o porteiro não sabia de nada, nem viu direito o motoqueiro.
Uma semana depois que recebera a pizza de vermes, Felipe bateu o seu carro de luxo, derrapou sozinho na Avenida do Vidoca logo depois de uma chuva e se chocou no guarda-pista de metal. Era uma SUV último tipo com todos os apetrechos possíveis dentro e fora do veículo. Prejuízo total porque, apesar de ter apenas o pára-choques danificado, o carro ficaria por uns três meses esperando peça na concessionária.
Entre os empregados da portaria e limpeza, a notícia correu na manhã seguinte, seu Zé contou o ocorrido para a Laurinda, faxineira terceirizada que começava às sete da manhã no final do turno dele. Ela já veio com a informação que tinha acontecido a mesma coisa num outro prédio lá da Vila Ema pois ficara sabendo através de uma moça que trabalha na mesma empresa que ela. O motoqueiro chegou, entregou a pizza e ela estava cheia de vermes. E sete dias depois, a mulher que recebeu a pizza perdeu a carteira de motorista depois que fez uma conversão proibida e foi pega pelo marronzinho.
Entre os empregados da portaria e limpeza, a notícia correu na manhã seguinte, seu Zé contou o ocorrido para a Laurinda, faxineira terceirizada que começava às sete da manhã no final do turno dele. Ela já veio com a informação que tinha acontecido a mesma coisa num outro prédio lá da Vila Ema pois ficara sabendo através de uma moça que trabalha na mesma empresa que ela. O motoqueiro chegou, entregou a pizza e ela estava cheia de vermes. E sete dias depois, a mulher que recebeu a pizza perdeu a carteira de motorista depois que fez uma conversão proibida e foi pega pelo marronzinho.
A Laurinda encontrou a Maria Ferreira no ônibus voltando para o Campo dos Alemães, esta lhe contou que isso tinha acontecido com o patrão dela há dois meses atrás, o motoqueiro entregou a pizza e, depois de sete dias, ele foi chamado pela Receita Federal para pagar o imposto atrasado.
Pela câmera da entrada, o Arlindo, porteiro terceirizado no Jardim das Colinas viu o entregador de pizza e estranhou bastante porque o doutor Herman nunca pedia pizza. Interfonou na casa do doutor Herman e, justo naquela noite, ele havia pedido uma pizza e permitiu ao motoqueiro entrar. O motoqueiro se identificou, mostrou carteira de motorista e deixou a pizza na casa do doutor Herman. Mau ele saiu, o interfone tocou novamente e era o porteiro dizendo que outra pizza tinha chegado e se podia deixar entrar, houve uma pequena discussão e o doutor não autorizou. O motoqueiro voltou. E ao abrir a caixa de pizza, a surpresa, uma pizza cheia de vermes.
Uns falam que o motoqueiro tem estatura mediana, nunca tira o capacete, sempre sabe o nome, o sobrenome e o endereço do escolhido. Os porteiros dizem que, às vezes, ele tem os olhos brilhando que nem fogo, outros, que a moto aparece e desaparece sem fazer barulho. E teve caso de gente que recebeu a pizza, abriu a caixa ao lado do porteiro e a pizza estava lá, suculenta, mas quando chega no apartamento, saem milhares de vermes. E dizem também que o sabor é sempre o preferido do recebedor.
Uns falam que o motoqueiro tem estatura mediana, nunca tira o capacete, sempre sabe o nome, o sobrenome e o endereço do escolhido. Os porteiros dizem que, às vezes, ele tem os olhos brilhando que nem fogo, outros, que a moto aparece e desaparece sem fazer barulho. E teve caso de gente que recebeu a pizza, abriu a caixa ao lado do porteiro e a pizza estava lá, suculenta, mas quando chega no apartamento, saem milhares de vermes. E dizem também que o sabor é sempre o preferido do recebedor.
E dizem que receber esta pizza é certeza de prejuízo, a Receita Federal chama, bate o carro, aparece um câncer, é assaltado no semáforo, os números da mega sena são sempre um depois dos que foram jogados pela vítima.
Conta-se, atualmente, que o motoqueiro é o fantasma de um entregador de pizzas que morreu atropelado e que agora ele se vinga de qualquer pessoa que peça a sétima pizza no mesmo mês.
A Deolinda, terceirizada de uma empresa de limpeza, jura que conheceu o motoqueiro, que ele morreu mesmo atropelado por um cidadão branco, alto, dono de uma loja de carros, que estava bêbado e fugiu sem prestar socorro, a polícia o pegou dois dias depois mas nada aconteceu porque ele era amigo de um juiz com quem tomava vinho todo mês numa enoteca (até aprendeu a falar esta palavra difícil). E jura que a polícia apreendeu três carros roubados dentro da loja dele um dia depois que a pizza foi entregue e que agora ele está respondendo processo.
A Deolinda, terceirizada de uma empresa de limpeza, jura que conheceu o motoqueiro, que ele morreu mesmo atropelado por um cidadão branco, alto, dono de uma loja de carros, que estava bêbado e fugiu sem prestar socorro, a polícia o pegou dois dias depois mas nada aconteceu porque ele era amigo de um juiz com quem tomava vinho todo mês numa enoteca (até aprendeu a falar esta palavra difícil). E jura que a polícia apreendeu três carros roubados dentro da loja dele um dia depois que a pizza foi entregue e que agora ele está respondendo processo.